Pesquisa aponta as diferentes juventudes nas regiões de Pernambuco

 

O estudo sobre “A situação de vida dos jovens no estado de Pernambuco”, realizado pela ETAPAS – Equipe Técnica de Assessoria, Pesquisa e Ação Social foi apresentado e discutido com os jovens que refletiram sobre a diversidade regional e a caracterização das diferentes juventudes em Pernambuco. A pesquisa foi baseada em fontes secundárias, a exemplo do censo demográfico (IBGE); do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação e SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica; CIM – Ministério da Saúde. Segundo as informações, Pernambuco está nas últimas posições no que se refere à qualidade de vida dos jovens. Dados demográficos indicam que o número de jovens começa a cair; são 3 milhões de pessoas na Região Metropolitana do Recife - RMR, sendo quase 1 milhão de jovens. 

Os dados mostraram ainda que os jovens têm casado menos, porém as mulheres jovens casam mais, e com homens mais velhos. A escolarização é baixa, e muitos estão ainda no Ensino Fundamental. Uma jovem participante do evento disse que uma coisa traz a outra, pois uma mulher que engravida cedo tem que deixar a escola para cuidar de seu filho, o que contribui para mantê-la em empregos menos qualificados. Falou-se da importância da interiorização do Ensino Superior, e do direito ao acesso a ele. Outra jovem ressaltou que muitos jovens têm que deixar os estudos para trabalhar, e citou a falta de opções em sua cidade. Waneska Bonfim, técnica da ETAPAS, responsável pela apresentação da pesquisa falou da necessidade de mudar o foco das políticas, porque o jovem ainda precisa estudar. 

 As mortes violentas são outro grave problema: somam 60,8% da morte de jovens, enquanto as naturais representam 39,2%. Os jovens homens morrem mais do que as mulheres, tanto de mortes violentas como naturais. Em relação a trabalho e renda, os jovens estão trabalhando mais cedo. O dobro de mulheres jovens está gerando renda, em comparação aos homens. 

Uma participante do encontro afirmou que a mulher está buscando mais espaço por não querer depender do homem. Apesar do número de mulheres trabalhando ser maior, os homens trabalham mais, em trabalhos fisicamente mais desgastantes e por um maior número de horas. Houve um aumento de jovens sem rendimento, ou ganhando pouco e trabalhando em subempregos, o que tem gerado também um aumento da violação dos direitos trabalhistas entre os jovens. Uma jovem participante do encontro falou que a necessidade de sustentar a família faz com que o jovem aceite trabalhos em condições indignas: “se não tivermos oportunidade, como ter experiência?” A palestrante ressaltou que o trabalho é um direito, e que há necessidade de elaboração de política pública nesse sentido. Outra participante disse que é difícil uma empresa dar oportunidade para um jovem, havendo outras pessoas já qualificadas. 

Além desta pesquisa, foram feitas várias análises buscando saber como os jovens estão se organizando. O Fórum de Juventude do Recife, o Projeto Redes e Juventudes e o projeto Dialogando realizaram estudos sobre a organização juvenil. Outra pesquisa desenvolvida pela ETAPAS estudou as características da organização juvenil, compreendendo desta forma grupos que, em sua maioria, tenham a presença de jovens entre 15 e 29 anos, e com frequência de reuniões que mantenha a articulação entre estes. Os jovens presentes à formação foram também alguns dos pesquisados. Foram entrevistados, no total, 217 grupos. O estudo procurou informações sobre a motivação para atuação coletiva, identificando, que em geral, eles estão movidos por questões culturais, principalmente música e dança. Foram pesquisados ainda a quantidade de jovens; o tempo de existência dos grupos; onde eles se encontram para exercer suas atividades; as parcerias que desenvolvem com outros grupos. As maiores dificuldades apontadas pelos jovens foram a falta de recursos e de infraestrutura. 

Mais detalhes: 
  • Situação de vida dos jovens pernambucanos por Região de Desenvolvimento. Pesquisa realizada em 2009, coordenada pela ETAPAS, em parceria com a Secretaria Especial de Juventude e Emprego – Governo de Pernambuco.
  • Organização Juvenil em Pernambuco. Pesquisa realizada pela ETAPAS em 2010, com o apoio da organização internacional Freres dès Hommes - Bélgica.